Lhasa Loretto responde...O espaço onde L.L. responde ás vossas duvidas, inquietações e conflitos existenciais.
"...afinal quem é Lhasa Loretto?"(sonia paula, alcabideche)
A mais comum das dúvidas cara Sónia, optei por sonegar qualquer informação a meu respeito no perfil do blog por uma questão de preguiça, mas, têm sido tantas as missivas com esta pergunta que sinto não mais poder fugir á questão. Começemos pelo principio.
Sou Tibetano, nasci em 1931 em Lhasa, Lhasa Loretto foi uma alcunha que me deram no chile por volta de 1984, o meu verdadeiro nome é Khri-srong-de-tsan, em honra do rei que implantou o budismo no tibete após um debate entre monges "bon" e monges budistas (os budistas ganharam o debate e a religião "bon" foi banida do Tibet.), começei a minha vida nos arredores de Lhasa, onde, muito novo, apenas com seis anos fui aceite num mosteiro (uma grande honra para a família), e comecei os meus estudos com vista a tornar-me num monge escriba, (algo como um estenógrafo), aos quinze anos fui chamado ao serviço na Potala (cidade/palacio sagrada para o meu povo) onde fiquei até 1949.
Infelizmente 1949 revela-se como um ano negro na minha vida, a crescente tensão militar entre exercito vermelho e as autoridades Tibetanas, representadas pelo 14º Dalai Lama, culminam com a perseguição e prisão (e muitas vezes assassinato) de inumeros homens ligados á estrutura religiosa, um desses homens fui eu. Lebro-me de que as sessões de tortura nas prisões chinesas eram especialmente crueis para nós homens letrados, como exemplo os guardas inquiriam-nos sobre os vastos conhecimentos que tinhamos de anatomia humana (um monge no tibete é versado em muitas ciencias e amiúde actua como médico para as populações) para depois usar essa informação para aperfeiçoar a metodologia de tortura.
Vinte anos estive preso em territorio chinês e foi minha bem-aventurança de numa operação de charme do governo comunista ter sido libertado e deportado para Hong Kong, corria o ano de 1970.
Aqui começa nova caminhada na minha vida.
Vivendo de expedientes acabo por me ver embarcado num cargueiro cheio de imigrantes chineses e coreanos em direcção ao chile, com a promessa de trabalhar como interprete na policia politica chinesa, uma ocupação que prometia dar alguma estabilidade á minha vida e algum pão a um estômago demasiadamente queixoso por jejuns não planeados.
Trabalhei nos escritorios da CNI em Santiago do Chile como tradutor sino-espanhol durante oito anos, até que me foi oferecida uma comissão como agente inquiridor para a comunidade sino-chilena em 1979, cargo que aceitei pois significava uma promoção com aumento substancial de ordenado. Mais uma vez os meus conhecimentos da anatomia humana influenciaram a minha vida, e, ficando provadas as minhas capacidades de "convencer" prisioneiros a revelar informações essenciais ao andamento célere dos seus processos, vejo-me em 1981 transferido para o centro de detenção da marinha de Silva Palma em Valparaiso como interrogador chefe, sitio onde ganhei o meu nome de guerra, Lhasa por ser a minha cidade natal. Loretto era o nome de um prisioneiro particularmente renitente em dar informações e que graças ás minhas técnicas especiais acabou por ser dos prisioneiros mais colaborantes com o andamento dos processos e inquirições.
Ao atingir a idade da reforma viagei para portugal onde dirijo um bar transformista na zona do Princepe Real em Lisboa.
Satisfeita Sónia?
Espero que sim.
Um grande bem-haja a todos os leitores e continuem a mandar as vossas perguntas para L.L. reponde.
A mais comum das dúvidas cara Sónia, optei por sonegar qualquer informação a meu respeito no perfil do blog por uma questão de preguiça, mas, têm sido tantas as missivas com esta pergunta que sinto não mais poder fugir á questão. Começemos pelo principio.
Sou Tibetano, nasci em 1931 em Lhasa, Lhasa Loretto foi uma alcunha que me deram no chile por volta de 1984, o meu verdadeiro nome é Khri-srong-de-tsan, em honra do rei que implantou o budismo no tibete após um debate entre monges "bon" e monges budistas (os budistas ganharam o debate e a religião "bon" foi banida do Tibet.), começei a minha vida nos arredores de Lhasa, onde, muito novo, apenas com seis anos fui aceite num mosteiro (uma grande honra para a família), e comecei os meus estudos com vista a tornar-me num monge escriba, (algo como um estenógrafo), aos quinze anos fui chamado ao serviço na Potala (cidade/palacio sagrada para o meu povo) onde fiquei até 1949.
Infelizmente 1949 revela-se como um ano negro na minha vida, a crescente tensão militar entre exercito vermelho e as autoridades Tibetanas, representadas pelo 14º Dalai Lama, culminam com a perseguição e prisão (e muitas vezes assassinato) de inumeros homens ligados á estrutura religiosa, um desses homens fui eu. Lebro-me de que as sessões de tortura nas prisões chinesas eram especialmente crueis para nós homens letrados, como exemplo os guardas inquiriam-nos sobre os vastos conhecimentos que tinhamos de anatomia humana (um monge no tibete é versado em muitas ciencias e amiúde actua como médico para as populações) para depois usar essa informação para aperfeiçoar a metodologia de tortura.
Vinte anos estive preso em territorio chinês e foi minha bem-aventurança de numa operação de charme do governo comunista ter sido libertado e deportado para Hong Kong, corria o ano de 1970.
Aqui começa nova caminhada na minha vida.
Vivendo de expedientes acabo por me ver embarcado num cargueiro cheio de imigrantes chineses e coreanos em direcção ao chile, com a promessa de trabalhar como interprete na policia politica chinesa, uma ocupação que prometia dar alguma estabilidade á minha vida e algum pão a um estômago demasiadamente queixoso por jejuns não planeados.
Trabalhei nos escritorios da CNI em Santiago do Chile como tradutor sino-espanhol durante oito anos, até que me foi oferecida uma comissão como agente inquiridor para a comunidade sino-chilena em 1979, cargo que aceitei pois significava uma promoção com aumento substancial de ordenado. Mais uma vez os meus conhecimentos da anatomia humana influenciaram a minha vida, e, ficando provadas as minhas capacidades de "convencer" prisioneiros a revelar informações essenciais ao andamento célere dos seus processos, vejo-me em 1981 transferido para o centro de detenção da marinha de Silva Palma em Valparaiso como interrogador chefe, sitio onde ganhei o meu nome de guerra, Lhasa por ser a minha cidade natal. Loretto era o nome de um prisioneiro particularmente renitente em dar informações e que graças ás minhas técnicas especiais acabou por ser dos prisioneiros mais colaborantes com o andamento dos processos e inquirições.
Ao atingir a idade da reforma viagei para portugal onde dirijo um bar transformista na zona do Princepe Real em Lisboa.
Satisfeita Sónia?
Espero que sim.
Um grande bem-haja a todos os leitores e continuem a mandar as vossas perguntas para L.L. reponde.
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